Maratona Literária



Final de Feira Literária é um caos. Há fila para quase tudo: para conseguir a obra almejada, sonhada todos esses dias, idealizada e discutida em rodas com os amigos; para realizar o pagamento do livro comprado; para conseguir o autógrafo do escritor mais concorrido da feira (que não são poucos). Pensou que terminou? Que nada, haja fôlego! Ainda temos a fila para entrarmos em uma das salas onde acontece aquele bate-papo com os escritores. Para seres humanos como eu que estão apenas acostumados aos exercícios da leitura de um livro ou outros criados através do ato de escrever sentem-se fora de forma. E essa é uma legião de amigos que compartilham dessa situação. Tudo bem! Quem sabe algum dia não criaremos um movimento, como aquele dos cornos, e reuniremos alguns sócios (que não serão poucos). Compartilharemos das mesmas idéias e combateremos esse ócio prazeroso e proveitoso.

Em final de Feira Literária o problema são os atendentes das editoras, situados em suas bancas, entendemos que já estão cansados, saturados pelo volume de vendas realizadas, mas esperem aí, tratar clientes à procura de livros com desrespeito é inaceitável. Ignorância. Vai ver nunca leram um livro. Nem mesmo os de auto-ajuda que poderiam solucionar está falta de educação. Parece que encontrei a utilidade para os livros de auto-ajuda: solucionar o problema de vendedores sem-educação que atuam em bancas de Feiras Literárias. Os donos das Editoras não sabem o que acontece, pois se soubessem esses ignorantes já estariam demitidos. Procurava por uma obra, questionei o vendedor se sua editora possuía, ele me disse que não. Dei mais uma olhada, pois não concordei com o seu não e lá, mais acima, algumas prateleiras mais, estava o meu livro. Meu por que o comprei. Paguei. Não importa se foi com dinheiro ou cartão (uma novidade que é aceita por quase todas as bancas, pois hoje são poucas as pessoas que saem com dinheiro vivo, ou seja, em notas, cheque no bolso ou bolsa, sabe lá.), o importante é que já comecei lê-lo ali mesmo, entre leitores vorazes ou transeuntes desocupados. Todos aqueles que se sentirem prejudicados com o atendimento em bancas nas feiras literárias deveriam reclamar com o editor ou com o próprio escritor, autor do livro que você procura.

Para poder levar os livros comprados é necessário uma bolsa, de preferência aquela com dizeres da Feira Literária, se não conseguir não tem problema, pois você não deixará de comprar as obras desejadas porque não conseguiu uma das bolsas da feira. Podes estar levando aquela esquecida há anos, no armário, pois quanto mais velha for mais irá caracterizar-lhe como um leitor. Leitores não se preocupam com o estado, estilo de seu acessório, preocupam-se sim com os livros. E não se induza pela capa da obra, pois quem vê capa não vê coração. Está certo que o cheiro atrai, também, mas não se convença com o primeiro perfume sentido, vasculhe, selecione, pois existem outras fragrâncias contidas nos livros mais adiante. Um bom devorador de livros não se irrita com a procura, sabe garimpar e encontrar obras deixadas pelos leigos. E tente selecionar pelo preço, mas se não tiver jeito pague um pouco mais e adquira aquela obra. Vale muito.

Adquiridas as obras que você havia pensado encerre essa maratona e se destine ao café mais próximo e delicie-se. Pois mais tarde, quando estiver em casa verá que não comprou tudo e que para próxima Feira Literária falta um ano e até lá estará preparado, maduro para conseguir as obras desejadas.


Autor: Sergio Sant'Anna


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