Sociedade Em Choque



A sociedade brasileira está em estado de choque. O menino João Hélio, de apenas seis anos de idade, foi morto pelos bandidos que assaltaram o carro em que ele estava com a família. Preso ao cinto de segurança do veículo pelo lado de fora, já que a mãe foi impedida de salva-lo, João foi arrastado até a morte por vários quilômetros das ruas do Rio de Janeiro. Em meio à revolta, a população reacende um debate que há muito tempo existe no país: a mudança da legislação brasileira, considerada atrasada e lenta por todos.

Crimes brutais, quando não ficam impunes devido a falta de recursos da polícia de capturar os bandidos, não recebem a punição adequada. O benefício da progressão de pena, que consiste em permitir que o preso passe para o regime semi-aberto após o cumprimento de um sexto da sentença, é totalmente ineficaz, já que geralmente leva a reincidência no crime.

É um círculo vicioso que parece não ter fim. Assassinos cruéis recebem o mesmo privilégio de assaltantes comuns, podendo estar em liberdade bem antes do tempo necessário para que reflitam sobre seus atos. Além disso, as leis do Brasil não permitem que os criminosos fiquem mais do que 30 anos na cadeia, independente de a sentença judicial ter decretado uma pena maior.

As autoridades ouvidas nos últimos dias alegam que não se deve fazer mudanças em meio ao calor dos acontecimentos. Mas, eu pergunto, quando a sociedade estará completamente em paz e conformada com a criminalidade? Nunca, pois depois deste crime virão outros, talvez mais chocantes e cruéis. O comodismo é a pior coisa que pode ocorrer em uma sociedade. As maiores vitórias conseguidas pela população ocorrem em momentos de indignação e emoção. Se todos esperassem períodos de calmaria para protestar, grandes conquistas deixariam de ser adquiridas.

É hora de refletir e detectar onde começa o problema da violência no Brasil. É preciso investir em educação, para que as crianças tenham um futuro mais promissor, mas não é só isso. Mudar o que está errado na sociedade brasileira é tarefa das mais árduas, mas não impossível. A indignação com barbáries como a que aconteceu na última semana com o menino João Hélio já é o primeiro passo para acirrar a luta por mudanças conclusivas nas áreas onde o Brasil está mais necessitado. Deixando de lado o conformismo podemos lutar para que outras famílias não sejam massacradas pela violência que assola nosso país.

Autor: Michele Vaz Pradella


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