Pensamento Ético Contemporâneo



I.      O Principio Religioso

Esse principio raramente pode fundar-se numa ética, já que esta é fundamentada pela razão e o principio religioso fundamentado pelo tradicional. A ética não é religiosa, pois ela persiste na forma da razão, unida com o inteligível. A religião se serve do quadro tradicional para o bem e o mal. Podemos então, falar de um laço entre ética e religião, não de uma subordinação da ética à uma religião, mas de um laço que liga uma à outra. Mas o fundamento da ética não é religioso, pois sabemos que a ética é pratica, é razão, é independência, enquanto que a religião é tradicional, é submissão. No entanto, quando Emmanuel Lévinas reflete sobre a tradição talmúdica e a Bíblia, faz da religião uma fonte que inspira a ética, é esse pensar, esse refletir que fundamenta a ética, o principio religioso não é ético, pelo simples fato de não questionar, de aceitar por meio da fé tudo que está sendo dito ou escrito.

II.O Principio da Força Afirmativa

Designa uma fonte de poder ou de ação, uma faculdade ativa, dinâmica, criadora, uma afirmação dinâmica de nosso ser que permite guiar a teoria raciocinada dos valores. A ética é a ciência do bem e do mal, a qual toma como ponto de partida o essencial: o poder de vida e do desejo. Esse principio é o que dar vida e alegria a ética, mas é a alegria, simplesmente, o poder do corpo e da vida. O principio da força afirmativa, é exatamente o que dá impulso, o encanto e a alegria da descoberta, do novo, da reflexão.

III.O Principio da Realidade

É o principio que contrapõe o principio da força afirmativa, pois aqui, o lema é realidade, ser lúcido, observar o real tal como ele é, sem a menor ilusão, ser capaz de ver e de pensar o pior. Esse principio afirma que o real pode se abrir à alegria, mas que essa é só o avesso de uma face amarga e sombria. Na historia da filosofia, Schopenhauer foi o grande mestre desse realismo integral, destruindo ilusões, perseguindo indefinidamente toda alegria que afirma a vida. O principio da realidade suficiente é a idéia de que não existe um mundo do ser ou da idéia justificando e legitimando nossa fenomenologia. Esse principio designa e resgata a realidade que está dentro de cada um de nós, tenta acordar as pessoas dos seus sonhos ilusórios. "Podemos sonhar, mas só com o que podemos realizar".

IV.O principio da responsabilidade

Comecemos pelas palavras de Platão: "cada um é responsável pelo seu destino", cada um é, portanto, responsável pelas suas escolhas; a responsabilidade é, por sua vez, o fato de responder totalmente por seus atos e assumi-los. Uma idéia nova de responsabilidade vem à luz em nossa época, como preservação da vida num futuro extremamente longíquo. A responsabilidade é saber assumir nossas escolhas, arcar com as conseqüências, fazer uso de tudo ciente que foi nossa inteira responsabilidade.

V.Os princípios de liberdade e igualdade

Tratemos aqui da liberdade prática, esqueçamos a teoria e partamos para o poder da ação, da expressão livre, de aproveitar os seus bens sob proteção das leis. Liberdade e igualdade constitui o prolongamento de um principio muito antigo: cada pessoa tem um direito igual ao conjunto mais extenso de liberdades fundamentais; as liberdades são iguais para todos. A justiça considera as pessoas como iguais e mantêm igualmente o direito de cada um. Igualdade para todos, engloba entre outros, a liberdade política, liberdade de expressão, de pensamento, de consciência, liberdade da pessoa, etc. Na grande tradição do pensamento americano, não separa ética e política, o problema da justiça é moral e político. Falar de justiça é fazer um trabalho de estudo dos valores ligado à reflexão sobre a idade.

VI.O principio da diferença

Parte especialmente, do principio segundo o qual é preciso aceitar as desigualdades sociais e econômicas, as diferenças, em beneficio dos mais desfavorecidos, que assegure a esses últimos uma posição satisfatória. As desigualdades seriam organizadas para o beneficio de cada um. Principio de igualdade e principio da diferença? É levar em conta as desigualdades, um exame flexível e humano do espetáculo das injustiças da vida. É antes de tudo, respeitar e entender as diferenças.

VII.O principio da cultura estética de si

É necessário explicar aqui que nesse principio, o termo estética, está ligado exclusivamente ao estudo do belo. O belo e o bom estão inextricavelmente unidos. O belo anuncia o que é bom. A estética na antiguidade era alma e física, enquanto que a estética na atualidade é só física. O corpo é a morada do espírito. O principio ético oferece, senão uma solução, ao menos uma problematização interessante, na sociedade onde a lei em geral não modela mais o indivíduo.

VIII.Os princípios da autodeterminação e do respeito à vida

O principio da autodeterminação do sujeito capaz no domínio médico, de fornecer um conhecimento esclarecido e lúcido, de tomar consciência de razões e motivos, é só um outro nome da autonomia. A idéia do consentimento autônomo, de autodeterminação, remete definitivamente, ao respeito à pessoa, um dos fundamentos da bioética. O respeito à vida está estritamente delimitado e receber uma acepção propriamente filosófica. Respeitar a vida não é nos referirmos a uma simples essência biológica, mas levar em conta a qualidade de vida, tal como se dá à pessoa. Ultrapassando as certezas tradicionais, a ética contemporânea se lança numa aventura indefinida, ao integrar certas aquisições do passado e da tradição, fazendo seu legado cultural, sem o qual o projeto ético de hoje perderia toda consistência. A memória da tradição funde-se, assim, na nova aventura ética.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A ética por sua característica principal ser o raciocínio, o pensamento, a reflexão, ela recorre aos princípios que foram citados no decorrer deste trabalho, foram eles: PRINCIPIO RELIGIOSO, PRINCIPIO DA FORÇA AFIRMATIVA, O PRINCIPIO DA REALIDADE, O PRINCIPIO DE RESPONSABILIDADE, OS PRINCIPIOS DE LIBERDADE E IGUALDADE, O PRINCIPIO DE DIFERENÇA, O PRINCIPIO DA CULTURA ESTETICA DE SI E OS PRINCIPIOS DA AUTODETERMINAÇÃO E DO RESPEITO À VIDA, para incorporá-las a continuidade temporal. 


Autor: Danielle Souto


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