Pais, Seremos Nós, Apenas Expectadores de Tragédias?



Na verdade nós, pais de adolescentes, temos sido apenas meros expectadores de tragédias como a que aconteceu com o Igor na noite de sábado passado.

Nossos jovens não possuem limites para suas ações e infelizmente, nós pais perdidos e perdendo nossos filhos, neste mundo onde a vida vale muito pouco, perdemos nosso referencial de pais e os filhos perderam o referencial de limites e de respeito a própria vida.

Nas décadas próximas passadas, falava-se muito em “crianças carentes”, o fato é que a partir destas introjeções culturais passamos a criar crianças saciadas.

Mas o que afinal é criar crianças saciadas?

Nós , mães, criamos uma fantasia em nosso inconsciente, que acaba produzindo um sentimento de culpa, de que por termos que estar grande parte do tempo fora trabalhando, e, consequentemente não podermos estar ao lado de nosso filhos acompanhando seu crescimento e desenvolvimento, eles adquirem uma “carência material” – o novo vídeo game, o tênis de marca, a calça da moda- combinada a uma suposta “carência afetiva” por ausência de mãe.

Tentado expiar nossas culpas, passamos a enchê-los de “afetos materiais”, o que para aliviar nosso sentimento de culpa não é suficiente, continuamos a entupi-los de supostos “afetos sentimentais”, - digo supostos, porque não são verdadeiros eles existem apenas em nossa subjetividade - e aí a “coitadinha” da criança não ouve nunca NÃO como resposta. Ele pode tudo: pode ser sempre o primeiro da fila, pode empurrar o colega para ocupar o primeiro lugar da fila, é sempre o primeiro a ser servido, o primeiro a comer, pode passar o dia todo na rua brincando, pode jogar o vídeo game quando quiser e pelo tempo que quiser, pode ficar com seu quarto desarrumado, pode ficar sem auxiliar nas tarefas da casa, pode ser sempre o primeiro a sentar, pode sapatear no supermercado para ganhar algo, pode não escovar os dentes, pode ficar sem fazer a lição, pode ofender a professora, pode comer só salgadinho e bolacha recheada, pode tomar refrigerante, pode ofender a mãe, pode sempre ganhar o novo modelo do playstation, É só sim, sim, sim,... e sim. A criança pouco passa por frustrações, então, é aí que afirmo: é uma criança saciada. Seu nível de frustração é zero.

Só que esta criança vai crescendo neste ambiente onde pode tudo, porém muito diferente do mundo que não possui nada de facilitador, pelo contrário são muito mais frustrações do que facilidades, muito mais NÃOs do que SIMs.

E ao entrar na adolescência, tendo passando por uma vida de “pode tudo”, quem irá agora lhe impedir de não pegar aquele saco de balas no supermercado que não lhe pertence. Quem irá lhe impor o limite necessário ao respeito da convivência diária?Quem irá fazê-lo acreditar que daqui para frente não pode! Não pode ser sempre o primeiro, não pode ganhar só roupas de marca, não pode ganhar tênis importado, etc..

E agora, quem irá domar a sua frustração, fazê-lo crer que não pode tomar todas na festa, que não pode consumir drogas, que não pode carregar um revólver, que não pode disparar contra o outro?

E assim tem sido. Nossos filhos transformando-se em nossos algozes, e nós, pobres impotentes e ignorantes pais das questões de como educar nossos filhos, temos sido apenas meros expectadores de que nossos filhos cheguem em casa da festa com vida, ou meros expectadores de tragédias.

Ou é o filho que morre, ou é ele quem mata. E nós, pais, apenas expectadores de tragédias?
Autor: " Virgínia Gubert "


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