A Poluição Como Consequência do Processo de Urbanização no Bairro Mapim - Várzea Grande



INTRODUÇÃO

O processo de urbanização do território brasileiro desenvolvido a partir do século XVIII, esteve relacionado com a precariedade de planejamento de suas estruturas administrativas. Esse movimento ocorrido em diferentes Estados brasileiros não foi percebido por todos da mesma maneira, pois: "enquanto a classe alta dispõe de grandes áreas que lhes permitem manter a vegetação e preservar o solo, a classe pobre se aglomera e ao aumentar a densidade populacional, altera a capacidade de suporte do solo". (SANTOS, 2005).

A Revolução Industrial intensificou a exploração da natureza pelos homens. A consolidação da ética antropocêntrica torna a natureza e a cultura humanas, que antes caminhavam juntas, duas coisas distintas e sem ligação (HERCULANO, 1992). Os desequilíbrios se agravam: êxodo rural, desemprego, "inchaço" das cidades, má distribuição de riquezas etc. Assim como o desequilíbrio social, o desequilíbrio ambiental é agravado pela poluição, lixo, doenças, prejuízos à fauna e à flora, entre outros. Essa crise ecológica, isto é, os problemas sociais, culturais e ambientais, constituem uma crise cultural gerada ao longo dos séculos com a modernidade (GRÜN, 1996). É neste cenário que na segunda metade do século XX consolida-se o movimento ambientalista em várias partes do mundo, contribuindo para o crescimento da consciência ecológica que ganha cada vez mais consistência política. Vivemos, desde então, um crescimento da busca de ações sociais e ambientalmente corretivas (SOUZA, 2000). O modelo econômico é questionado com base na degradação ambiental, no aumento da miséria, das injustiças sociais e outras preocupações por ele geradas.

Com base neste contexto este projeto consiste em levar aos alunos do ensino fundamental o conhecimento necessário, para que possam multiplicar conceitos e práticas, sobre o processo de poluição já existente na escala local, regional e global.

A iniciativa de prevenir o avanço da poluição urbana tem na sua essência, o conceito da Educação Ambiental multidisciplinar. Trabalhar com a grade pedagógica em andamento na escola inserindo os conceitos básicos de meio ambiente e dando ao aluno a condição de entender e transmitir os direitos e deveres do cidadão comum no que diz respeito ao entendimento da própria história do bairro onde residem, ao uso da reciclagem de materiais que podem ser reutilizados, a observação da poluição visual causada pelo consumismo e prevenção de doenças causadas pelo lixo. Todos estes conhecimentos ensejam a possibilidade de atuação junto à comunidade ao redor da escola, possibilitando desta forma uma participação efetiva no a preservação do meio ambiente.

3. JUSTIFICATIVA

No processo do avanço da urbanização pelo qual as cidades vem passando nos últimos tempos é consenso o papel fundamental da educação. A partir daí surgem grandes propostas e discussões, pois sendo a EA uma dimensão da educação, ela se mostrou uma grande aliada na busca por soluções. Segundo Saviani (1994), a Educação é a forma que o homem tem de se apropriar da produção de conhecimento gerado ao longo da história pela humanidade, pela cultura, o que ele considera uma "segunda natureza", pela história dos homens, que se formam como indivíduos e que produzem também coletivamente, novos conhecimentos. Neste sentido, cada indivíduo terá instrumentos para criticar a realidade e perceber e descobrir como participar das mudanças pelas quais terá condições de lutar.

A partir da década de 1960, muitos debates, congressos e conferências surgem com a intenção de trazer à discussão a crise ambiental, consolidando a idéia de uma Educação Ambiental. Esses eventos vêm sendo marcados por avanços éticos, metodológicos e conceituais para a Educação Ambiental com vistas à transformação social. Recentemente, em Joanesburgo, África do Sul, a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável se reuniu na RIO 92 buscando estabelecer paradigmas, alterar conceitos e princípios que regem forças políticas, econômicas e sociais, além de colocar em funcionamento alguns assuntos referentes à agenda 21 (RIO-92) que não estavam funcionando ainda (RIO+10, 2002).

Sendo uma dimensão da educação, a EA é um processo educativo que visa formar cidadãos éticos nas suas relações com a sociedade e com a natureza. Durante a formação, cada indivíduo é levado a uma reflexão de seus comportamentos e valores pela aquisição de conhecimentos, compromisso e responsabilidade com a natureza e com as gerações futuras. A EA contribui para que o indivíduo seja parte atuante na sociedade, aprendendo a agir individual e coletivamente na busca de soluções. Esse papel educacional tem sido cumprido pela educação formal – nas escolas – e pela educação não-formal, realizada pelas ONGs, organizações de cidadãos, associações de moradores e trabalhos voluntários. Segundo Sorrentino (1991), a Educação Ambiental não-formal também capacita e incentiva o indivíduo a acreditar em si próprio e no fazer coletivo, tornando mais fácil o diálogo entre a sociedade civil, o Estado e as empresas, possibilitando a construção de uma ação social que privilegia a diluição do poder, a potencialização do indivíduo e do pequeno grupo e a proteção, recuperação e melhoria da qualidade do ambiente e da vida. O estudo aqui desenvolvido caracteriza-se como um projeto de Educação Ambiental não-formal que priorizou a participação dos sujeitos envolvidos.

Tornando a participação uma realidade, pela Educação o indivíduo pode vencer o distanciamento que a vida moderna traz, além de trabalhar valores fundamentais, sua importância na sociedade, discussão e questionamento. A Educação Ambiental popular tem uma tradição pedagógica, mas também é voltada para o avanço das camadas populares na busca por qualidade de vida, democracia e cidadania. Visando a coletividade, busca solucionar problemas sociais e ambientais, recuperando o potencial crítico dos movimentos ecológicos. Para este avanço qualitativo ser significativo, ações educativas ambientais que criem oportunidades de participação efetiva dos envolvidos são fundamentais. Participação não se esgota na "chamada" dos sujeitos para acompanhar ações sociais, mas exige experiência participativa (REIGOTA, 1991).

4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Entre os procedimentos que foram adotados para o desenvolvimento do projeto, destacamos o levantamento conceitual, tendo em vista a obtenção de informações sobre os aspectos históricos, políticos, sócio- econômico e físico da área de estudo, bem como acerca da temática de estudo deste trabalho.

Levando em consideração que o conhecimento é exterior ao sujeito, mas também considerando que as representações sociais traduzem um mundo de significados, é que a pesquisa social, por tratar de problemas referentes à sociedade, não é neutra (MINAYO, 1998).

A metodologia, então, deve abordar o conjunto das expressões humanas. Sendo a Educação intencional e histórica, a pesquisa em Educação se preocupa com a concepção histórico-estrutural dos temas estudados que sofrem condicionantes sociais, podendo, ainda, a investigação, tratar de um problema social (DEMO,1989).

A pesquisa qualitativa parte do pressuposto que as pessoas agem em função de suas crenças, percepções, sentimentos e valores, e que para todo comportamento humano há um sentido, uma interpretação (MINAYO, 1998).

O diálogo entre o pesquisador e o grupo, o trabalho participativo, estabelecem uma relação entre o conhecimento popular e o científico, uma troca de saberes que garante sentido social à produção de conhecimentos e à ação educativa (VASCONCELLOS, 1997).

Este trabalho ambiental será desenvolvido no bairro Mapim – na cidade de Várzea Grande - MT, com crianças da 5º série do ensino fundamental. O projeto será desenvolvido através da interdisciplinaridade identificando as concepções de ambiente de educação ambiental, envolvendo as cadeiras de geografia, português, ciências, historia e inglês abordando seus aspectos práticos no diagnóstico das mais variadas situações[JR1] .

Todos os conceitos aprendidos em aula ou nas palestras serão aplicados na própria escola e posteriormente com a comunidade ao redor, iniciando sempre com um diagnóstico da situação, análise e avaliação. As crianças passam a trabalhar o bairro como um espaço construído socialmente, parte do ambiente que inclui o mundo natural e o social. Seguindo essas orientações, inicialmente, para ajudar as crianças a perceberem esse ambiente em contínuo processo de transformação resultante de processos naturais e da ação dos homens, vivenciaremos a técnica de pesquisa de campo fotografando o ambiente de interesse e mapeamento da área de estudo. Trata-se de um levantamento das características sociais e ambientais do lugar onde vivem os sujeitos envolvidos, já que, segundo Meyer (1991, 1992), a construção de um mapeamento ambiental amplia a concepção de ambiente para um espaço construído historicamente, no tecido das relações sociais.

Para[JR2]  todos os temas propostos coletivamente para ações no bairro realizamos uma aula de campo, buscando no ambiente as informações que enriquecessem os estudos realizados. Durante as aulas outras técnicas de ensino e produção de conhecimentos ambientais serão utilizadas, como construção coletiva de histórias e sua reprodução na forma de desenhos; dramatização, para estimular a vivência, o entrosamento, desinibição e a cooperação; reciclagem; atividades de sensibilização ambiental possibilitando a reflexão sobre os temas abordados, entre outros.

5. CRONOGRAMA

FASES

TEMPO NECESSÁRIO

Conteúdo ministrado em sala[JR3] 

Aula de Campo

Análise das Informações obtidas

Culminância

Total

6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

DEMO, P. Metodologias alternativas: algumas pistas introdutórias. In: DEMO, P. N. Metodologia científica em ciências sociais. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1989. p. 229-257.

GRÜN, M. Ética e educação ambiental: a conexão necessária. São Paulo: Papirus, 1996.

HERCULANO, S. Do desenvolvimento (in)suportável à sociedade feliz. In: GOLDEMBERG, M. (Org.). Ecologia, ciência e política. Rio de Janeiro: Revan, 1992.

MEYER, M. A. A. Educação ambiental: uma proposta pedagógica. Em Aberto, Brasília, v.10, n.49, p. 40-45, jan./mar. 1991.

_____________. Ecologia faz parte do espaço cotidiano. Amae Educando, Belo Horizonte, n.225, p.13-20, 1992.

MINAYO, M. C. S. Ciência, técnica e arte: o desafio da pesquisa social. In: MINAYO, M. C. S. (Org.). A pesquisa social: teoria, método e criatividade. 9 ed. Rio de Janeiro: Petrópolis, 1998. p. 9-29.

REIGOTA, M. Fundamentos teóricos para a realização da educação ambiental popular. Em Aberto, Brasília, v.10, n. 49, p. 34-41, jan./mar. 1991.

SANTOS, Milton. A Urbanização Brasileira. 5° Edição, São Paulo: HUCITEC, 2005.

SAVIANI, D. Sobre a natureza e especificidade da educação. In: SAVIANI, D. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. São Paulo: Cortez, 1994.

SORENTINO, M. Educação ambiental, participação e organização de cidadãos. Em Aberto, Brasília, v.10, n.49, p. 47-56, jan./mar. 1991.

SOUZA, N. M. Educação ambiental: dilemas da prática contemporânea. Rio de Janeiro: Thex, 2000.

VASCONCELOS, H. S. R. A pesquisa-ação em projetos de educação ambiental. In: PEDRINI, S.G. (Org). Educação ambiental: reflexões e práticas contemporâneas. 3. ed. Petrópolis: Vozes.


Autor: Herminia e Luciana Martins


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