Personalidade Da Marca: Uma Forma De Fidelizar O Cliente



A evolução tecnológica, bem como a globalização e a maior facilidade no acesso às informações têm proporcionado às empresas mudanças em todos os seus aspectos funcionais. Produtos e serviços de qualidade já não são os únicos pré-requisitos para o sucesso, abrindo espaço para a marca vir a ser, também, um diferencial competitivo indispensável para o reconhecimento da organização frente ao mercado.

Segundo Ogilvy, citado por  Kapferer (2003, p.54),

Marca é a soma intangível dos atributos de um produto; seu nome, embalagem e preço, sua história, reputação e a maneira como ele é promovido. A Marca é também definida pelas impressões dos consumidores sobre as pessoas que a usam; assim como pela sua própria experiência pessoal.

A construção e gestão de uma marca, entretanto, são grandes desafios. Lucros reduzidos levam a orçamentos de marketing menores que devem ser utilizados com toda eficácia possível como forma de gerar retorno financeiro. As alternativas de mídia e comunicação, no entanto, são inúmeras e hoje o consumidor é bombardeado diariamente por milhares de mensagens que o levam a pensar em adquirir o que está sendo anunciado. Se, por um lado, a marca assume uma importância jamais vista, o desafio para sua construção e sustentação também nunca foi tão grande.

A definição de uma estratégia de posicionamento de marca, ou seja, forma como ela deverá se apresentar frente ao mercado que deseja atingir, é fundamental para orientar o estabelecimento da identidade e personalidade da mesma. Com uma proposta compreendida e aceita por todos na empresa, o processo de comunicação da marca com o mercado pode se dar de maneira bem mais eficaz, atingindo seus objetivos junto ao público-alvo desejado.

Definir uma personalidade clara e objetiva é o que a marca deve buscar como forma de atrair o consumidor, fazendo-o valorizar os atributos do produto/serviço que a empresa oferece. Isso facilita o desenvolvimento de um vínculo do mesmo em relação à organização. A criação deste vínculo distingue uma marca das demais, favorece a presença mais marcante na mente do consumidor e ajuda a estabelecer a fidelidade à marca.

Desta forma, considerando a necessidade do correto posicionamento da marca no mercado, o presente artigo científico objetiva analisar a percepção do consumidor em relação à personalidade de uma marca. Para tanto, baseou-se em um estudo bibliográfico, cujo objetivo é ratificar a importância de uma marca bem vista no mercado, uma vez que as empresas buscam incansavelmente o encantamento e a fidelização de seus preciosos clientes.

A marca é, geralmente, considerada apenas como uma forma representativa e distintiva de produtos e serviços entre as empresas, poucas são as vezes que se encontra associada a definições que envolvem, preferencialmente, o aspecto emocional.

Segundo Aaker (1998, p.7), marca é um nome diferenciado e/ou símbolo (tal como um logotipo, marca registrada, ou desenho de embalagem) destinado a identificar os bens ou serviços de um vendedor ou de um grupo de vendedores e a diferenciar esses bens e serviços daqueles dos concorrentes.

 

 Kotler (1995, p.195), ultrapassando os limites gráficos, define marca como sendo uma promessa do vendedor de oferecer, de forma consistente, um grupo específico de características, benefícios e serviços aos compradores. As melhores marcas apresentam uma garantia de qualidade, por isso tornou-se fator importante no desenvolvimento estratégico do produto.

Contudo, tal definição não permite expressar o valor que a marca representa para o consumidor, bem como a inegável influência que exerce na formação do seu comportamento de compra. A marca funciona, na maioria das vezes, como fator decisivo na escolha de um produto ou serviço. Ela tem que ser a verdadeira chave para gerar retornos substanciais sobre o investimento.

Pyr Marcondes (2003, p.28) ressalta que

a escolha de uma marca pode ser influenciada por uma série de razões, tais como preço, prazo de pagamento, promoção e qualidade. Porém se o consumidor estiver na dúvida entre dois produtos equivalentes com atributos semelhantes ele, certamente, escolherá a marca pela qual se sente atraído.

Portanto, a marca é considerada como um depósito de esperança e confiança do consumidor no produtor, ou seja, representa a promessa de uma série de atributos e valores destinados a satisfazer suas necessidades.

O trabalho fundamentou-se em diversos autores que estudaram a importância da marca para uma empresa, especialmente David A. Aaker, que aborda a personalidade da marca como sendo um conjunto de características humanas associadas a uma determinada marca (Aaker, 1996, p.26). A personalidade da marca deverá criar um relacionamento forte e, conseqüentemente, duradouro com seus consumidores, pois assim como as personalidades humanas afetam os relacionamentos entre pessoas, a personalidade da marca pode construir a base do relacionamento entre o cliente e ela mesma.

A importância deste tema evidencia-se no fato de que a marca, ultrapassando os laços com seus produtos/serviços, desenvolve-se pelo aspecto emocional humano. Sendo assim, a empresa buscará construir bem uma imagem de marca (atributos e benefícios do produto/serviço e personalidade da marca), caso almeje a aceitação do mercado.

Segundo Aaker (1996), a personalidade da marca, apesar de ser determinada sob a ótica do consumidor, deverá ser favorável à empresa, fazendo-se necessária a constante agregação de valor a si e aos produtos/serviços que oferece ao mercado. Desta forma, o desenvolvimento do composto de marketing (público-alvo, posicionamento, produto, promoção, praça, colaboradores, fornecedores, pós-venda e proteção legal) corresponde à base para a criação desses valores, uma vez que proporciona à marca o diferencial necessário para competir no mercado. A união das estratégias definidas para cada elemento deste composto dará o suporte que a marca necessita para alcançar o sucesso.

Neste contexto, o estudo do comportamento do consumidor tem ajudado consideravelmente no desenvolvimento da personalidade da marca. É a partir do conhecimento do comportamento de seu público-alvo que a empresa fará o direcionamento de seus esforços mercadológicos. Identificar as necessidades do consumidor é de grande importância para o desenvolvimento de novos produtos e serviços. Mais do que isso, é uma necessidade na economia competitiva de hoje.

Schiffman (1997, p.5) define o comportamento do consumidor como sendo o estudo de como os indivíduos tomam decisões de gastar seus recursos disponíveis (tempo, dinheiro, esforço) em itens relacionados ao consumo. O estudo do comportamento do consumidor engloba o estudo de o que compram, porque compram, quando compram, onde compram, com que freqüência compram, com que freqüência usam o que compram.

A resposta a essas perguntas deverá revelar o perfil de consumo da pessoa, informação valiosa para a empresa que visa fidelizar seu cliente, oferecendo-lhe o que, de fato, necessita ou deseja.

Schiffman ressalta, ainda, que o estudo do comportamento do consumidor proporciona auto-conhecimento, portanto, ajuda a construir consumidores conscientes e melhores.

Giglio (2002, p.27) considera que para se conhecer o comportamento das pessoas que estão no seu mercado, seria interessante apenas estar diante delas e deixá-las falar. Escutar o consumidor é de extrema importância para a empresa, já que é ele quem define o rumo do negócio. A empresa que almeja o sucesso deverá seguir o caminho que o consumidor trilhar.

Este mesmo autor (2002, p.42) segue afirmando que o consumidor atual, ou potencial, é o início de todo o processo de criação e produção das empresas. Não acompanhá-lo ... pode ser desastroso. Na verdade, o consumidor busca nada mais que a obtenção de prazer e o máximo de benefícios dentro de suas condições econômicas.

O estudo do comportamento do consumidor, ao propiciar o melhor conhecimento do cliente, permite a definição de estratégias de marketing adequadas para o alcance do público-alvo da empresa. O objetivo é entender o quanto os estímulos de marketing, ambientais e outros influenciam as decisões de compra, fazendo com que a empresa conheça o modo como as pessoas respondem aos seus produtos e serviços. Essa compreensão viabiliza o alcance da satisfação de seus clientes.

Segundo Serrano (2003), o comportamento do consumidor tem como processos básicos: motivação e personalidade, percepção, aprendizagem e atitude.

O autor os define da seguinte forma:

1.  Motivação e Personalidade: envolvem atividades as quais nos levam a um determinado objetivo. Podemos nos tornar motivados ou estimulados por meio de necessidades internas ou externas que podem ser de caráter fisiológico ou psicológico;

2.  Percepção: é o processo de decodificar os estímulos que recebemos. Se as necessidades e motivações de um indivíduo, analisadas anteriormente, se concretizam, por vezes, na compra e no consumo, não se deve concluir daí que as forças internas do ser humano são suficientes para explicar o seu comportamento;

3.  Aprendizagem: a maior parte do nosso comportamento, inclusive o de consumir, é aprendido. Com isso, volta-se à questão das necessidades primárias e secundárias, inatas e aprendidas, e como aprendemos a ter e satisfazer estas necessidades;

4.  Atitude: é a predisposição interna de um indivíduo para avaliar determinado objeto, ou aspecto, de forma favorável ou desfavorável, sendo uma das variáveis a decidir no consumo. As atitudes apresentam o componente cognitivo ou de conhecimento, afetivo, ligado ao sentimento, e comportamental, que implica uma disposição para ação.

 Kotler (1995) afirma que o propósito do marketing é atender e satisfazer as necessidades e desejos dos consumidores. Porém, ele entende que conhecer os consumidores não é tão fácil assim. Estes podem declarar suas necessidades e desejos, mas agir de modo diverso. Podem não manifestar suas motivações e reagir a influências que mudam suas mentes no último minuto da compra. Enfim, o estudo do comportamento do consumidor capacita as empresas a entender e prever a reação destes às ofertas, facilitando seu adequado posicionamento no mercado.

Vários são os critérios que levam o consumidor a decidir por um determinado produto ou serviço. Kotler (1995) cita quatro fatores que influenciam a escolha do consumidor. São eles:

1.  Fatores culturais: os fatores culturais exercem uma influência muito ampla e profunda no comportamento do consumidor. Englobam a cultura, hábitos, costumes e ideologia do consumidor. O profissional de marketing precisa compreender o papel exercido pela cultura, a subcultura e a classe social;

·         Cultura: é a causa mais determinante dos desejos e do comportamento de uma pessoa. Corresponde ao conjunto de comportamentos, valores, percepções e preferências adquiridos através do convívio familiar e de outras instituições;

·         Subcultura: cada cultura consiste em subculturas menores que fornecem identificação mais específica e socialização para seus membros. São grupos de pessoas com os mesmos sistemas de valor baseados em experiência e situações de vida em comum;

·         Classe social: Divisões relativamente permanentes e homogêneas da sociedade cujos membros partilham valores, interesses e comportamentos semelhantes.

2.  Fatores sociais: o comportamento de um consumidor é também influenciado por fatores sociais como grupos a que pertence ou aspira, família e papéis sociais e status. Os fatores sociais referem-se aos grupos aos quais o consumidor pertence. O estudo destes grupos permite identificar os líderes, inovadores e seguidores e analisar os efeitos da aceitação social e do conformismo;

·         Grupos de referência: compreende todos os grupos que têm influência direta (face a face) ou indireta na formação de atitudes ou comportamentos de uma pessoa;

·         Família: os membros da família constituem o grupo primário de referência mais influente;

·         Papéis sociais e status: uma pessoa participa de muitos grupos no decorrer de sua vida, como: família, clubes, organizações, etc. a posição da pessoa em cada grupo pode ser definida em termos de papel e status.

3.  Fatores pessoais: as decisões de um consumidor são também influenciadas por suas características pessoais, como idade e estágio de vida, ocupação, situação econômica, estilo de vida, personalidade e auto-estima;

4.  Fatores psicológicos: as escolhas de compra do consumidor também são influenciadas por fatores psicológicos importantes: motivação, percepção, aprendizado, crença e atitudes.

·         Motivação: necessidade com tal grau de intensidade que leva a pessoa a tentar satisfazer-se;

·         Percepção: processo pelo qual as pessoas selecionam, organizam e interpretam informações para formarem uma imagem significativa do mundo;

·         Aprendizado: quando as pessoas agem, elas aprendem. O aprendizado corresponde a mudanças no comportamento do indivíduo a partir da sua experiência.

·         Crenças e atitudes: através do aprendizado as pessoas adquirem suas crenças e atitudes. Estas, por sua vez, influenciam o comportamento de compra. A crença é um pensamento descritivo da pessoa sobre alguma coisa.

Assim, o consumidor, através da compra, busca satisfazer suas necessidades e desejos. Sabe-se que o produto em si, desprovido de qualquer valor agregado, dificilmente atenderá, por completo, aos anseios do consumidor. Faz-se necessário, portanto, que o produto incorpore valores que proporcionem diferencial competitivo ao mercado e, conseqüentemente, desperte o interesse e a afeição do consumidor.

Kotler (2003) afirma que da mesma forma que os produtos, as marcas também devem primar pelo enriquecimento dos valores que carregam consigo. Agregar valor dá poder à marca e atrai os consumidores mais facilmente. 

O autor defende que o real significado da marca transcende os atributos oferecidos por produtos e serviços. Ela é construída em um longo processo relacional entre produtor/produto/consumidor e objetiva, essencialmente, tocar o lado afetivo deste último. Marcas devem ter um projeto de evolução. Os verdadeiros donos das marcas são os clientes e os consumidores. Portanto, para entender como essa evolução deve ser operada, é fundamental entender como o processo de expansão das marcas acontece na cabeça e no coração das pessoas. É o relacionamento com o consumidor que cultiva a preferência emocional pela marca.

Para Kotler (2003) uma marca forte é um instrumento valioso para fidelização, podendo ser vista como a menor distância entre o produto ou serviço e o consumidor. As marcas que prometem e oferecem um valor superior tendem a ser mais lembradas, a obter maior preferência e lealdade dos clientes e estar mais protegidas dos concorrentes.

Aaker (1998, p.16) conceitua valor da marca como sendo um conjunto de ativos e passivos ligados a uma marca, seu nome e seu símbolo, que se somam ou se subtraem do valor proporcional por um produto ou serviço para uma empresa e/ou para os consumidores dela.

Esse autor ressalta que o valor da marca corresponde ao seu poder associado à dificuldade e ao custo de estabelecê-la no mercado. Sabe-se que nenhuma marca estréia no mercado com uma participação alta e definida. Seu sucesso dependerá de diversos fatores, dentre eles a aceitação de seu público-alvo, bem como do uso de estratégias de marketing condizentes com as metas a serem alcançadas.

Portanto, o valor da marca corresponde ao valor intrínseco que esta carrega consigo, ou melhor, ao valor agregado ao produto em decorrência do nome da marca que este representa. Uma marca forte deverá possuir uma essência emocional bem definida para, assim, proporcionar a sensação de realização ao consumidor.

Schiffman (1997, p.160-161) afirma que,  o valor da marca facilita a aceitação de novos produtos, ( )... E enfatiza o valor e a qualidade percebida. O valor da marca é importante para as empresas porque leva à fidelidade à marca que, por sua vez, leva a uma participação de mercado maior e a maiores lucros.

Assim, uma marca deverá proporcionar benefícios que a tornem única no mercado. Esse será seu diferencial competitivo frente à concorrência e o primeiro passo a ser dado para alcançar o sucesso.

Conforme Pyr Marcondes (2003, p.53),

em uma pesquisa mundial com 1,5 mil pessoas de diferentes etnias, religiões e história cultural, com idade entre 20 e 40 anos, de várias classes sociais, realizada em 41 países, a Research International Observer, empresa de pesquisa norte-americana, descobriu que os entrevistados fiéis a determinadas marcas se recusam a acreditar na divulgação de fatores negativos em relação a elas, transformando-se, em contrapartida, em valorosos soldados defensores de suas qualidades.

Isso confirma a grande confiança depositada sob as marcas, fator decisivo na hora da compra e que funciona como medidor do valor atribuído às mesmas.

Pyr Marcondes (2003) segue afirmando que em uma marca, o consumidor identifica cara e coração em uníssono. Se o coração, em algum momento, não corresponder à cara da marca, e vice-versa, o consumidor certamente não optará por seu produto/serviço. Portanto, ao tratar sobre marca, envolvem-se os temas lealdade e marketing de emoção. Não será mais possível viver, ou sobreviver comercialmente, sem essas preocupações.

O autor ressalta, ainda, que a eqüidade da marca, sua retidão, seu caráter, são ativos e têm valor. A marca carrega uma imagem , uma personalidade, e é isso que encanta e fideliza os consumidores. Eles usufruem os benefícios da marca, por meio da confiança (emoção) que conferem à ela.

Para Kotler (1995, p.118) o sinal de uma grande marca é o grau de fidelidade ou preferência que evoca no público. Em outras palavras, a marca terá maior valor na medida em que os compradores oferecem maior lealdade, tem consciência do seu nome e de sua qualidade, podendo tornar-se um ativo valioso sob o aspecto financeiro.

Segundo Tom Peters, citado por Pyr Marcondes (2003, p.43), o consumidor tem com as marcas de sua preferência não uma relação do tipo gosto não gosto, mas uma relação de amor profundo. Geralmente, as empresas têm maior preocupação em desenvolver o produto físico juntamente com o conceito competitivo da marca. No entanto, o consumidor costuma valorizar os sentimentos que esta provoca. O produto que aliar sua essência à emoção que existe no imaginário coletivo, certamente terá maiores chances de sobressair-se no mercado, conclui o autor.

Schiffman (1997) afirma que a influência que a marca exerce na compra ultrapassa todos os benefícios que o produto oferece, já que os mesmos revelam muito da personalidade ou experiências da infância de cada um.

Para Schiffman (1997) a escolha por uma marca funciona da mesma forma como na escolha por um produto. Aquela que agregar maiores valores à sua essência, de fato, terá maiores chances de capturar o consumidor. É essencial que a marca transmita a alma do produto.

Portanto, uma marca bem construída traz diferenciação e valor para o negócio, proporcionando reconhecimento do consumidor bem como a lucratividade necessária para sua manutenção ou crescimento. Marca forte, negócio lucrativo.

Segundo Aaker (1996, p.158), personalidade da marca pode ser definida como um conjunto de características humanas associadas a uma determinada marca, ou seja, a relação que as marcas, hoje, estabelecem com os consumidores tornou-se tão forte e íntima, que produtos e serviços chegam a ser tratados como pessoa, ou seja, qualificados através de características usualmente utilizadas para definir o ser humano. Isso se chama personificação da marca.

A personalidade da marca funciona como um fator estimulador da compra. Ela beneficia a mesma no concernente ao desenvolvimento de atributos que auxiliem em sua apresentação ao mercado. Através da marca, o consumidor expressa sua própria personalidade e, portanto, deverá consumir aquilo que externar suas características.

Aaker (1996, p.177-178) afirma que a personalidade da marca proporciona profundidade, sentimentos e apreço pelo relacionamento consumidor/marca. Esse relacionamento pode ser o alicerce para uma diferenciação real e uma vantagem competitiva. O desenvolvimento da personalidade poderá tornar a marca mais interessante e até transformá-la em um veículo que expresse a identidade de quem a consome.

O autor cita um estudo realizado nos Estados Unidos da América que desenvolveu e testou a Escala da Personalidade da Marca (EPM). Esse estudo revelou os 5 (cinco) fatores mais importantes na avaliação da personalidade de uma marca. São eles: sinceridade, emoção, competência, sofisticação e robustez. A marca que conseguir conciliar, de forma positiva, todos esses fatores, provavelmente chamará a atenção do consumidor.

A personalidade de uma marca é tão singular e duradoura quanto a de uma pessoa. Não raras vezes vê-se pessoas atribuindo adjetivos carinhosos a seus pertences. Em caso de produtos significativos e que envolvem um maior risco na compra (automóveis, roupas, etc.), essa atitude é bem mais comum, uma vez que se aumenta a estima pelo produto adquirido.

Aaker (1996) ressalta que é preciso tomar cuidado com o comportamento da marca frente aos consumidores, porque, da mesma forma que as pessoas, as marcas são constantemente julgadas pelas atitudes que tomam.

De acordo com Kotler (1995), a marca atrai as pessoas cujas auto-imagens reais ou desejadas se encaixam na sua imagem. Sendo assim, os consumidores tendem a simpatizar com produtos que revelem uma personalidade semelhante à sua.

O desafio, entretanto, é desenvolver significados sólidos e profundos para que a marca tenha uma essência bem definida e cativante aos olhos do consumidor. O desenvolvimento desses significados será feito dentro de todo o processo de construção da marca.

Segundo Nunes e Haigh (2003, p.85) o processo de construção de uma marca forte implica em cinco grandes fases: pensamento estratégico em torno da marca, escolha estratégica, planejamento estratégico da marca, implementação estratégica e brand value trackers.

1.  Pensamento estratégico em torno da marca: fase de reflexão e pensamento, no qual se busca responder a perguntas do tipo: o que é marca, qual a força da marca, qual sua essência, quais seus valores e personalidade, entre outros;

2.  Escolha estratégica: fase de escolha e definição da melhor arquitetura de marca consistente com identidade e valor da marca;

3.  Planejamento estratégico da marca: definição e criação de programas e ações necessárias para implementar as estratégias da marca, de tal forma que possam refletir a proposta de valor;

4.  Implementação estratégica: avaliação e adaptação da estrutura organizacional e das pessoas para que se viabilizem em estratégias, programas e ações.

5.  Brand value trackers (valor de imagem de marca): tem como propósito, criar um vínculo entre as ações de marketing e de toda a empresa; dar suporte à tomada de decisão no planejamento estratégico e de marketing; avaliar o impacto no valor da marca em casos nos quais haja necessidade de relaxar premissas e hipóteses usadas pelo modelo de avaliação; mostrar para a direção onde o valor da marca e do negócio está sendo criado e destruído e em que indicadores isso ocorre; realizar correções de rota quando necessário e incluir indicadores não financeiros nos programas de remuneração dos colaboradores a fim de atingir metas por responsabilidades.

Conseguir o sucesso de uma marca não é nada fácil. Muitos são os atributos necessários para dar início à sua construção. O responsável por este processo deverá dispor de informações a respeito do mercado como um todo. Em seguida, deverá fazer uma análise mais voltada para seu segmento de atuação. Conhecer o mercado e os hábitos de consumo de seu público-alvo é de grande importância, uma vez que tal conhecimento facilitará este um processo difícil, a construção de uma marca.

Thiago Cabrino (2002) ressalta que sempre que uma marca for construída, dever-se-á pensar em sua longevidade visualizando o futuro e as possíveis manutenções que poderão ser cabíveis em uma eventual mudança do cenário em que ela estiver inserida. Com isso, desenvolver uma marca não se limita apenas ao momento de sua criação, mas sim em um trabalho a longo prazo, pois inúmeras análises deverão ser realizadas, no mercado como em seus consumidores.

 Segundo Aaker e Joachimsthaler (2000, p.207), uma marca forte tem personalidade, associações organizacionais, emoção e auto-expressão. O desenvolvimento da personalidade ajuda a marca a competir no mercado, estabelecendo vínculos duradouros com o consumidor.

A personalidade pode ajudar no processo de diferenciação da marca no mercado. Ela tende a tornar uma marca mais interessante, provocando um recall (lembrança da marca) expressivo desta. Uma marca sem personalidade tem grande dificuldade em desenvolver um relacionamento com o cliente, uma vez que não provoca interesse ou afeição, portanto não motiva a compra.

Aaker (1996, p.163-164) considera a existência de 4 (quatro) impulsionadores utilizados na construção de uma personalidade de marca. São eles:

1.  Retenção de usuários: as representações dos usuários podem se basear tanto nos usuários típicos (pessoas que você observa usando a marca) quanto nos idealizados (conforme representados na publicidade e em outros veículos);

2.  Patrocínio: atividades, como eventos patrocinados pela marca, poderão influenciar sua personalidade;

3.  Idade: a antigüidade de uma marca no mercado pode afetar sua personalidade;

4.  Símbolo: um símbolo pode ser uma influência poderosa sobre a personalidade da marca, uma vez que pode ser controlado e possuir associações extremamente sólidas.

A personalidade da marca deverá ser desejável e suficientemente importante para a pessoa que a usa. A pessoa terá que se sentir melhor por associar-se à marca ... Uma personalidade que não atinja o alvo não funcionará. (AAKER, 1996, p. 165)

Criar uma marca com personalidade, portanto, ajuda a estabelecer um vínculo com os clientes, a representar os benefícios oferecidos por produtos e serviços e a desenvolver a identidade da marca (como ela se posiciona e define).

A personalidade corresponde à essência da marca e, portanto, define seu comportamento dentro do mercado em que atua. Agregar valor ajuda a desenvolver características positivas que contribuam para a formação de uma personalidade forte e agradável ao consumidor.

Criar marcas fortes de valor inestimável, com características realmente diferenciadoras tanto do ponto de vista racional quanto emocional, é que faz a diferença. Uma marca forte e com personalidade resiste ao tempo, criando um mito de longevidade inigualável, alimentando o espírito do consumidor para que ele seja um defensor incondicional desta. É da sintonia entre marca e cliente que nasce o sucesso da empresa.

O desenvolvimento da personalidade da marca tem sido, portanto, uma das estratégias mais utilizadas pelas empresas como forma de atrair a atenção dos clientes para seus produtos e serviços. Nada é mais óbvio do que o ato de se consumir aquilo que de fato lhe agrade  e seja condizente com sua personalidade.

As empresas deverão, ao buscar a fidelização, definir suas estratégias mercadológicas de acordo com as características apresentadas por seu público-alvo. A marca, da mesma forma, deverá passar por uma adaptação a estas características, uma vez que se objetiva a simpatia entre ela e o consumidor. É a partir desta simpatia que nascerá um relacionamento forte e duradouro, que trará benefícios para ambos e que fará da marca uma forma de realização pessoal. Marcas com personalidade chamam a atenção e encantam mais facilmente. Desenvolver uma personalidade para a marca é uma estratégia de marketing rentável e eficaz. E com uma marca com personalidade tende a ser forte e resistente aos ataques dos concorrentes.


Autor: Danielly Oliveira


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