Escatologia: Terror ou Esperança?



A meu ver, a mensagem escatológica é uma mensagem de Juízo, mas, não da forma como se tem pregado por aí, como se Deus fosse um Deus vingativo que não visse a hora de punir a humanidade por seus atos de desobediência.

Sempre que eu penso na mensagem escatológica, três coisas me vêm à mente: o livro do profeta Jonas, o fato de que Deus deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da Verdade e, a seguinte mensagem de Deus ao seu povo Israel: "E busquei dentre eles um homem que estivesse tapando o muro, e estivesse na brecha perante mim por esta terra, para que eu não a destruísse; porém, a ninguém achei. Por isso eu derramei sobre eles a minha indignação; com o fogo do meu furor os consumi; fiz que o seu caminho recaísse sobre a sua cabeça, diz o Senhor DEUS". (Ezequiel 22: 30 a 31).

No livro do profeta Jonas, vejo o Deus misericordioso que tem muito mais prazer na benignidade do que na ira (essa foi a lição que Ele quis ensinar a Jonas e, essa lição se aplica também a nós e a nossos dias); e, no texto citado acima do livro de Ezequiel, vejo que Ele procura por pessoas que queiram se colocar na brecha em favor dos homens.

No relato acerca de Nínive, vemos que Deus envia àquela cidade por meio do profeta, uma mensagem de juízo tal qual o é também a mensagem apocalíptica. E, fazendo um paralelo entre a mensagem daquele profeta e a mensagem de juízo reservada para os últimos dias, percebo que a exemplo daqueles dias em Nínive, Deus anuncia o juízo a fim de que venhamos a nos arrepender de nossos maus caminhos e viver. Contudo, Jonas estava muito preocupado com seu rancor contra aquele povo para entender a grandeza de sua missão, assim, como a igreja hoje está muito ocupada com suas próprias prioridades (prosperidade, prosperidade). A igreja perdeu a visão e, focou no seu próprio umbigo e, quando olhamos na individualidade do ser, damo-nos conta que eu, você, nós, estamos inseridos nessa mesma perda de visão. Fizemos do Evangelho de Cristo um Evangelho dos escolhidos e, dos chamados à prosperidade e à isenção de problemas e de lutas. E, não é isso que vemos nos relatos dos Evangelhos. A triste constatação que se faz, é que a individualidade do mundo pós-moderno atingiu a igreja em cheio.

Tanto no livro de Jonas, quanto nessa passagem do livro de Ezequiel, vejo que Deus não trata o Juízo como uma fatalidade, mas, como algo que Ele não deseja e quer evitar. E, por esta razão, Ele nos convoca a ser luz em meio às trevas. É, por isso, que eu concordo com Juan B. Stam quando, parafraseando as palavras do apóstolo Pedro, afirma que devemos viver em santidade e justiça para que o Reino de Deus se manifeste aqui e agora, numa antecipação à promessa de um mundo novo redimido e restaurado ( já é e, ainda não ).

É por essa razão, que seremos julgados por aquilo que fizemos e, também por aquilo que deixamos de fazer, até por que, o julgamento começará pela igreja, a qual, tem a missão de fazer conhecida a justiça e a misericórdia de Deus entre os povos. E, devo concordar que a omissão dos "justos" é realmente muito mais cruel do que a ação dos maus.

Deus é Justiça, é Amor, mas, Ele também é Juízo! E, é fato que a Justiça Divina exige punição para o pecado; porém, as Alianças que Ele faz com o homem, revelam-no como o Deus que se auto-limita por amor à humanidade que criou. Foi assim nos dias de Noé, quando Ele prometeu que não mais enviaria dilúvio sobre a terra e, foi assim também nas outras alianças que Ele fez com o homem e, ainda hoje é assim. "Deus tem, por assim dizer, se aprisionado a si mesmo em sua resolução", disse Sören Kierkegaard.

O fato é que Israel falhou como nação sacerdotal e, nós, a igreja, também temos falhado nessa missão. Essa é a visão que eu tenho da escatologia bíblica. Ainda bem que temos Jesus como intercessor. E, é por esta razão, que só nEle e por Ele alcançamos a justificação.

Na verdade, o retardar da volta do Senhor tem muito mais a ver com a longanimidade que Ele tem para com a humanidade do que com qualquer outra coisa. E, devo concordar, que somente a nossa prática cristã seria capaz de fazê-LO voltar logo.

Uma coisa é certa, se andássemos nos ensinamentos de Cristo, faríamos diferença nesse mundo perdido em meio às trevas. A igreja do primeiro século cresceu rapidamente (quantidade qualitativa) por que viram na vida diária dos primeiros cristãos, o Jesus que eles pregavam. É isso que nos falta hoje como igreja. No caso deles, foi dessa identificação com o Jesus que pregavam que resultou-lhes o nome cristãos. No nosso caso, será que realmente temos sido cristãos? Será que as pessoas tem visto em nós as características de um verdadeiro cristão? Será que tem visto em mim? Penso que isso deva ser motivo da minha e da sua reflexão.

Muitos têm rejeitado o cristianismo não por causa do cristianismo em si, mas, por causa de muitos de nós que nos dizemos cristãos. Isso é uma pena!!!

Devo dizer, que isso que em nossos dias fizeram com a mensagem cristã eu também rejeito, mas, eu não rejeito o cristianismo dos primeiros cristãos, antes pelo contrário, eu anseio.


Autor: Jeane Kátia dos Santos Silva


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