Filme Brasileiro Desmundo



FICHA TÉCNICA: DESMUNDO. Direção: Alain Fresnot. Produção: Van Fresnot. Brasil: Columbia Pictures do Brasil, 2003, 1 DVD.

DESMUNDO

Por volta do ano 1570. Chegam ao Brasil algumas órfãs, enviadas pela rainha de Portugal, com o objetivo de casarem com os primeiros colonizadores. Destaca-se então, uma linda jovem órfã, Oribela, a qual é muito romântica e religiosa e após uma frustrada cerimônia de noivado ela se vê obrigada a se casar com Francisco de Albuquerque, que a leva para seu pequeno engenho de açúcar. Nesta situação a personagem vive uma nova situação, a que ela terá que se adaptar para cumprir seu novo papel de esposa. E neste papel a mulher sofria variadas formas de submissão como, por exemplo, a violência sexual. Assim oribela desesperada foge, tentado se livrar dessa difícil situação, nesse roteiro desenvolve-se uma grandiosa história de determinação, coragem que vai de encontro a formação e situação do homem colonial.

FICHA TÉCNICA: Priore, Mary Del. Mulheres no Brasil Colonial. São Paulo: Contexto, 2003, 37 páginas.

TEXTO: ACADÊMICO

SITUAÇÃO DAS MULHERES NO MUNDO COLONIAL

O Filme Desmundo, aborda a situação da mulher no Brasil colonial, de uma maneira mais sintética, dando uma imagem, uma identidade a situação da mulher gerando assim emoções e registros de alguns acontecimentos, dos quais analisaremos com base no texto da autora Mary Del Priore, "A situação da mulher no Brasil colônia". O filme atesta alguns pontos da obra de Mary, como o da preocupação de Portugal e da igreja católica com a formação étnica da colônia, com isso trazia-se para o Brasil jovens portuguesas, judias, pobres e órfãs de variadas idades, as quais eram criadas e educadas por freiras e consequentemente eram completamente despreparadas para o casamento. Dessa forma a igreja e Portugal intermediavam e controlavam os casamentos entre pessoas de sangue "brancos"com a finalidade deconter o nascimento de mestiços, na tentativa de manter uma pureza de sangue, com isso aumentava a possibilidade do Estado manter a ordem pois a população colonial não ficaria comprometida pelo incremento de bastardos e mestiços e a igreja não perderia sua batalha na formação de famílias católicas. O filme e a obra coincidem também no modelo de homem colonial, mostrando homens que lutaram para se estabelecer na selva e assim foram se tornando mais duros e brutos em prol de sua necessidade, consequentemente não havendo mulheres brancas para todos estes relacionavam se com índias e negras, quase que sempre por meio de estupros e violências físicas. É interessante também perceber que o filme retrata muito bem o cotidiano dos índios que viviam no engenho, mostrando uma índia que conhecia ervas medicinais, índios trabalhando muito no engenho e visitas constantes dos jesuítas ao engenho com a finalidade de tomar crianças indígenas para transformá-las em pequenos cristão. Um ponto importante que faltou no filme, seria uma abordagem da situação da mulher que se prostituía, pois o texto trás que tais fatos aconteciam rotineiramente em grande escala, devido às condições de sobrevivência que eram difíceis e não davam muitas escolhas a mulher na colônia, que geralmente trabalhavam nas lavouras ou como costureiras, lavadeiras e complementavam o orçamento doméstico se prostituindo e muitas vezes colocando suas filhas nesta mesma situação. O filme mostrou como a mulher casada deveria se portar na sociedade colonial, e que até mesmo um simples olhar ou toque não intencional a outro homem poderia acarretar morte ou violência à mulher. A autora a afirma que as mulheres coloniais eram vistas mais como filhas de Eva do que de Maria, e assim a igreja se encarregava de colocar regras religiosas com alto grau de rigidez na tentativa de conseguir manter a obediência e controlar o comportamento feminino. Pregavam a total submissão e inferioridade da mulher, assim faziam com que o casamento fosse um elemento de equilíbrio social e divino em que o marido e a igreja teriam completo poder sobre a mulher. Por fim acredito que o filme deveria ter mostrado melhor a condição das mulheres trabalhadoras, negras, índias e portuguesas que muitas vezes encontravam no comércio local e regional uma forma digna de sustento, vendendo doces, produtos, plantas medicinais e produzindo para o uso diário panos, sabão, conservas e peças de barros para cozinha. A autora detalha com informações surpreendentes a independência de inúmeras mulheres que conduziam de maneira ativa seus próprios negócios. Entendo que este trabalho contribuiu de maneira muito proveitosa despertando no pesquisador o interesse por outros temas que livros didáticos trazem de forma generalizante e sintética.


Autor: EDUARDO SANTOS


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