Correntes
Assim como a pluma que deixa o corpo do pássaro em pleno vôo e vai lentamente encontrar o chão, assim também eu vou me desfazendo de sonhos antigos que ainda querem me acorrentar.
Assim como o fruto que deixa ainda jovem a rama para encontrar a terra do pomar e inaugurar um novo ciclo, também eu vou descobrindo outros cheiros e novos sabores.
Assim como o sol que espera o fim da noite para encher o novo dia de luz e calor, também eu vou abandonando esta pele antiga que paralisa os meus pés e me impede de caminhar outras estradas.
Deixo a cela,
A corrente,
O pensamento teimoso das noites frias de verão.
Deixo a saudade doída e a lágrima escondida.
Deixo o medo de perder o que jamais me pertenceu.
Deixo, enfim, a sua imagem desgastada pelo tempo.
A sua voz que não ressoa.
A sua mão que não me ampara.
O seu descaso que tanto me machucou.
Sua eterna ausência vai aos poucos chegando ao fim.
Estou já esquecida do seu nome, dos seus amores e do seu sorriso enganador. Liberdade, aqui vou eu escrever outro destino e brincar de ser feliz!!!
Autor: Nara Junqueira
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