Um Pouco De História Econômica Nunca é Demais
Em
tempos de crise econômica e pessimismo generalizado com o futuro, nunca é
demais revisarmos nosso passado para quem sabe acharmos algumas respostas.
Abaixo
apresentamos uma pequena revisão histórica das idéias que já foram e já
voltaram ao debate econômico:
- O NASCIMENTO DO
LIBERALISMO: o livro A Riqueza das Nações, de Adam Smith, publicado em
1776, apresenta um conjunto de idéias que prega um mundo mais racional,
justo e produtivo e sem limites de regulamentos e monopólios estatais se
transforma em escola.
- O DESAFIO DA
INDUSTRIALIZAÇÃO: a disseminação
dos processos fabris, no final do século 19, acentua idéias do liberalismo
econômico, como a busca individual de riqueza se transformando em fator de
ganho para toda a sociedade. Por outro lado, a urbanização e a criação de
grandes contingentes de trabalhadores preparam o cenário que abrigaria uma
das principais correntes opostas às teses de Adam Smith.
- O BERÇO DO
COMUNISMO: no início do século 20, uma revolução adota as idéias marxistas
na então Rússia imperial, ainda dominada pela atividade rural. A vitória
dos bolcheviques leva à criação da União Soviética, que culmina na total
estatização da economia. O mundo ocidental passa a temer a expansão do
comunismo.
- A GRANDE DEPRESSÃO:
depois de uma fase de grande euforia e liberdade, o crash de outubro de
1929 arrasta a economia dos Estados Unidos a um período de profunda
recessão, chamado de Grande Depressão. Investidores perderam tudo,
empresas quebraram e milhares de americanos ficaram sem emprego durante
anos.
- O NEW DEAL: baseado
no britânico John Maynard Keynes, o presidente Franklin Roosevelt faz um
plano de gastos públicos para recuperar o país, entre 1933 e 1937, chamado
de New Deal. Surgem símbolos da cultura americana como a Social Security
(seguridade social) e a Securities Exchange Commission (SEC, o órgão
regulador do mercado de capitais).
- A NOVA ORDEM
MUNDIAL: poucos anos depois, os EUA emergem como potência hegemônica da II
Guerra Mundial. Em 1944, é firmado o acordo de Bretton Woods, que
reorganiza a ordem monetária mundial criando o Banco Mundial e o Fundo
Monetário Internacional (FMI). Três anos depois, os EUA injetam dinheiro
na Europa, através do Plano Marshall, para espantar a ameaça do comunismo.
Surge o Estado do bem-estar social.
- O FIM DA RIGIDEZ: em
1971, o presidente dos EUA Richard Nixon rompe uma das regras de Bretton
Woods, o padrão-ouro. Interrompe a desvalorização do dólar e inicia uma
fase de desregulação econômica. O padrão-ouro era um sistema de taxas
fixas de câmbio de várias moedas frente ao dólar, a partir das reservas.
- O NEOLIBERALISMO:
doutrinas de Milton Friedman desenvolvidas na Escola de Chicago se
transformam em políticas públicas na década de 80. O presidente dos EUA,
Ronald Reagan, e a primeira-ministra da Grã-Bretanha, Margareth Thatcher
entronizam a era da privatização, da desregulação e da abertura econômica.
- O OCASO DO
SOCIALISMO: no final de 1989, a queda do Muro de Berlim, que há 28 anos
dividia a cidade ao meio, simboliza o fim da oposição entre capitalismo e
socialismo. Precedida da perestroika (reestruturação) e da glasnost
(transparência), precipita o fim da União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas (URSS), dois anos depois. O liberalismo é apelidado de
“pensamento único”.
- A GLOBALIZAÇÃO
DESREGULADA: o final do século 20 e o início do 21 são marcados pela
hegemonia do pensamento liberal. As políticas que predominam no período
também são conhecidas como Consenso de Washington: disciplina fiscal,
abertura comercial, privatização, eliminação de restrições a investimento
externo, juro e câmbio definidos pelo mercado e intensa desregulação
financeira.
- A VOLTA DO
INTERVENCIONISMO: o ano de 2008 marcará a reentrada do Estado como ator
econômico fundamental da história. O resgate do sistema financeiro
internacional exige um volume de recursos públicos nunca antes visto.
Começa um novo ciclo do capitalismo, em que o Estado assume papel mais
atuante.
Como
se vê o capitalismo já enfrentou inúmeros desafios e sempre soube se
reinventar, adaptando-se ao momento mundial. Apesar das idéias francesas de que
o capitalismo está morto e que agora cabe ao Estado nortear o desenvolvimento,
sabemos que tal modelo não funciona e provavelmente não funcionará jamais.
Seguramente
teremos que viver com mais intervencionismo, mas isso não significa que o
capitalismo, enquanto sistema, perdeu sua utilidade. No longo prazo essa crise
passará e inovações serão criadas para que o ciclo recomece.
Por Alexsandro Rebello Bonatto em 26 de novembro de 2008.
Autor: Alexsandro Rebello Bonatto
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