Empretecos, Empreendedores E Empreendimentos



(Entrevista Sérgio Dal Sasso janeiro 2007 - Folha Dirigida (RJ) Jornalista Igor Fagundes)

Com a chegada de mais um ano, diversos profissionais começam a planejar uma nova tomada de rumo em suas carreiras: de empregadores a empregadores, de funcionários a proprietários. Pesam na balança os prós e os contras de abrir seu próprio negócio, arriscando-se como empresários num país marcado pelo desemprego.

Se não é fácil conseguir trabalho e ascender profissionalmente, também não é mais simples criar um empreendimento. Diversas questões precisam ser respondidas pelos candidatos a patrões na hora de pôr em pratica um projeto. O mais importante é ter objetivos pessoais bem definidos.

Tentar a abertura de uma franquia, por exemplo, pode ser vantajoso para quem busca maior segurança e marca já consolidada no mercado. No entanto se há uma vocação para determinado negócio e há pouco dinheiro para investir em franqueamento, uma pequena empresa não é má opção.

No ranking dos negócios que foram encerrados nos últimos cinco anos, ocupam em primeiro lugar os vinculados ao ramo do comércio (51%) , seguindo a área de serviços (46%) e por fim, das industrias (3%). No ramo do comercio ingressam um maior numero de gestores sem experiência , enquanto os empreendedores industriais dificilmente pecam pela falta de planejamento.

Abaixo entre perguntas e respostas, discutimos alguns obstáculos a serem superados para o desenvolvimento de uma atividade empresarial.

Que tipo de cuidados um empreendedor deve tomar na hora de abrir um negócio?

As premissas básicas incluem dois ingredientes, afinidade com a atividade e plano de recursos para viabilizar os investimentos  garantindo sua sobrevivência nas fases do projeto e sua maturação.

Quais são as principais causas de fechamento de empresas no país?

Podemos incluir alguns fatores, despreparo profissional, acomodação em relação ao acompanhamento das mudanças, dificuldades de captação de recurso de médio e longo prazo e em condições satisfatórias para um retorno sobre esse investimento, ausência de suporte governamental, que muito cobra e pouco contribuem dentro do papel de "sócio".

Em quais setores dá-se uma maior incidência de falências em virtude do amadorismo? Em qual deles há menos "aventureiros"?

Existem dois tipos de situação:

Na primeira opta-se por uma atividade própria em função da necessidade, provinda da perda de emprego ou outra mudança qualquer, ou seja, o profissional sai a busca de uma alternativa para poder garantir sua sobrevivência e nem sempre acaba, por varias razões, optando por aquela que tinha um histórico ou facilidades.

Na segunda tudo já era parte de um projeto, aonde o individuo ou grupos, antecipadamente a necessidade, desenvolveram suas idéias, incluindo bases para as estratégias, capacitação adequada, planos bem estruturados, metas e responsabilidades definidas e por conseqüência um menor índice de riscos na obtenção das respostas esperadas.

O que podem fazer os pequenos empresários para evitar clientes que sejam maus pagadores?

Os históricos recentes das organizações, nos mostram que não existem mal pagadores, mas maus negociadores. Partindo do principio que toda empresa deve estar conectada com um órgão de consulta dos antecedentes do cliente, definindo pelas condições atuais sua aprovação e limite para o credito pretendido, o restante irá depender de um futuro nem sempre previsível, aonde a instabilidade do cliente, quando justificada deverá ser entendida e proporcionalizada para a própria garantia do devido e sustentação das reais possibilidades de se fidelizarem nossas bases de consumo.

Em quais circunstâncias se recomenda abrir uma franquia e em quais o mais interessante é abrir um negócio próprio? Quais as vantagens e desvantagens de cada uma dessas opções?

A franquia, sem entrar no mérito qualitativo individual do negócio oferecido, é uma opção para aqueles que não tem muita experiência em gestão , pois estarão dentro de um grupo que conhece e sabe como fazer e orientar sobre o negócio. É obvio que tudo tem seu preço e seu custo.

E em quais circunstâncias é mais vantajoso abrir um negócio como autônomo (profissional liberal) ou como empresa?

Vai depender da atividade exercida ou das próprias pretensões do futuro empresário. Na verdade deve-se sempre optar pelo inicio mais modesto e mais variável, ou seja pelo modelo que garantir despesas proporcionais as receitas, eliminando sempre os custos fixos.

Sociedade ou registro empresário? Como optar?

De novo vejo isso como um histórico da construção da atividade, ou seja, se sua existência depende do conjunto e tem afinidades para tal.

Existem casos em que é melhor adquirir uma empresa já em funcionamento?

Sim ou mesmo entrar como sócio participativo, mas é caso a caso. Nessas situações deve-se atentar para um levantamento criterioso da real situação em que se pretende ingressar, em relação ao seu passado, situação atual e futura (ou seja, comprometimentos assumidos). 

Quais caminhos poderiam ser citados na busca por investimentos para início de um negócio? Onde procurar investidores?

Ah, acho que a melhor forma é dispor do capital próprio, e se não suficiente, seguido de outros parceiros que tenham os mesmos propósitos, ou mesmo familiares. Infelizmente a realidade dos sistemas de financiamentos (taxas de riscos) acrescidos dos tributos governamentais, ajuda e em muito a inviabilizar os negócios e, por outro lado os investidores, aqueles que dispõem de capital, pela própria diversidade de opções irão disponibilizar recursos aonde os retornos são quase certos e acima das vantagens oferecidas por um sistema financeiro lastrado na oferta de papeis públicos provindos de dividas evolutivas.

Legalizar uma empresa é uma considerada uma das etapas mais complicadas. Por quê

Burocracia e descentralização. Na verdade o que deveria ser um facilitador, uma abertura para facilitar o acesso de novos empreendimentos e empreendedores, já é o primeiro grande obstáculo, pois em média uma empresa no Brasil, demora pelos corredores de todas as instancias, em média, de 04 a 05 meses para sua abertura. A titulo comparativo no México não passa de dois meses. Outro fator a ser lembrado é que qualquer pendência jurídica relacionada a problemas comerciais, por aqui se demora em média, 500 dias contra 200 da China. Aonde você iria abrir seu negócio?

Sérgio Dal Sasso, Consultor, Palestrante, Escritor e Articulista

  • Sérgio Dal Sasso é administrador empresarial formado pela FEA-USP, pós-graduado em gestão financeira e MBA varejo, ambos pela USP.
  • Sócio diretor da NCM soluções empresariais, com destacada experiência em soluções de desenvolvimento, recuperação e expansão de vendas.
  • Colunista da Revista Gestão&Negócios, articulista da revista e portal Venda Mais e Vencer!, consultor de conteúdo da Globo/PEGN/TV. Seus artigos estão presentes em diversos paises da América Latina, África, Europa e Ásia. 
  • É um dos principais palestrantes em desenvolvimento profissional e empresarial do Brasil.
  • Co-Autor do Livro Os Gigantes da Vendas (Editoras Landscape e Quantum).

Autor: Sergio Dal Sasso


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